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Preços do Bezerro: Expectativas para o Mercado em 2025

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Mercado de cria em alta

Apesar de 2024 estar marcado por um aumento significativo nos abates de gado no Brasil, sinais de recuperação começam a surgir com a diminuição no descarte de fêmeas. Contudo, o preço do bezerro, um indicador crucial para uma possível reversão do ciclo, ainda permanece em baixa.

A expectativa é que o mercado de cria comece a reagir em 2025, após três anos de crescimento contínuo nos abates de fêmeas. Com a redução na produção de crias, espera-se que os preços do bezerro iniciem uma recuperação, o que deve incentivar a retenção de fêmeas e, por consequência, diminuir o número de bovinos disponíveis para o abate.

Este panorama para 2024 e 2025 é semelhante ao observado nos períodos de 2014/2015 e 2019/2020, quando a retenção de fêmeas teve início e ganhou força. “Nos dois biênios, o preço do bezerro aumentou 41% e 56% em termos reais, respectivamente. Porém, até julho de 2024, o preço do bezerro caiu 14%. Históricamente, antes de uma valorização no preço do bezerro, costuma haver uma fase de estabilidade nos valores”, explica Cesar de Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA.

Tradicionalmente, o preço do boi gordo segue a tendência do bezerro, o que indica que o animal pronto para o abate não ficará atrás quando o processo de recuperação do bezerro se iniciar.

Quanto à demanda, as exportações estão em alta, alcançando números recordes e contribuindo para a escoação da crescente produção. Mesmo com a forte atividade no mercado externo, prevê-se um aumento considerável no consumo interno de carne bovina em 2024. “Esse crescimento será impulsionado pela maior oferta, resultando em preços mais acessíveis para o consumidor”, destaca Alves.

Segundo Alves, a produção formal de carne bovina no Brasil deve crescer cerca de 15% neste ano, superando 10 milhões de toneladas em equivalente carcaça, enquanto as exportações devem aumentar em 20%, atingindo 3,4 milhões de toneladas equivalentes carcaça. “Apesar do desempenho positivo no mercado externo, a oferta interna também deverá expandir, com um crescimento estimado de 13%, elevando o consumo per capita de carne bovina para 32 kg/habitante, igualando o recorde de 2013”, ressalta.

Após anos desafiadores, com preços sob pressão e margens reduzidas, o cenário começa a mostrar sinais de melhora. A expectativa de recuperação no mercado de cria torna a estratégia de retenção de fêmeas cada vez mais atrativa. “Essa retenção visa aproveitar a futura valorização do bezerro, que, uma vez em alta, tende a seguir um ciclo prolongado de crescimento, como observado em ciclos passados”, acrescenta Alves.

Para os segmentos de recria e engorda, o momento é oportuno, pois os preços do bezerro permanecem baixos. Alves acredita que a aquisição dessas arrobas de entrada deve contribuir positivamente para as margens, dado que os preços estão projetados para uma recuperação gradual.

No segundo semestre de 2024, Alves prevê um aumento no volume de gado confinado em relação ao ano anterior, impulsionado por margens favoráveis, decorrentes dos baixos custos da ração e do boi magro, além de oportunidades vantajosas de fixação de preços no mercado futuro.

Em relação aos confinamentos, o uso de hedge para o gado terminado é crucial, especialmente quando as previsões são positivas. “Isso se deve ao ciclo rápido de produção, que não permite ao produtor aguardar por melhores condições de mercado quando o animal está pronto para o abate”, observa Alves.

Para a indústria, o cenário deve continuar favorável, sustentado pelos preços mais baixos do boi em comparação aos da carne, embora o spread no mercado doméstico, que tem se mostrado positivo este ano, possa se ajustar um pouco aos níveis atuais.

As exportações devem manter resultados favoráveis, impulsionadas pelo boi a preços acessíveis em dólares, mesmo diante da queda nos preços da carne na China e da desvalorização cambial no país asiático, que têm dificultado a recuperação nos valores de embarque.

A China continua sendo o principal destino das exportações, absorvendo cerca de metade do volume total, mas outros mercados, como Emirados Árabes, Estados Unidos e Chile, estão apresentando crescimento robusto, com margens mais atraentes do que as obtidas nas vendas para o mercado chinês.

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