A pecuária americana passa por uma transformação importante. Para enfrentar a queda no estoque de gado, o setor aposta em animais com carcaças mais pesadas.
Segundo especialistas, a seca prolongada nos Estados Unidos forçou muitos produtores a reduzir os rebanhos. Como resultado, toda a cadeia da pecuária americana agora busca aumentar o rendimento de cada animal abatido.
Tendência de aumento no peso das carcaças
O professor Ty Lawrence, da West Texas A&M University, prevê que o peso médio das carcaças pode chegar a 1.500 libras (680 kg) em breve. Durante o simpósio da Beef Improvement Federation (BIF), ele destacou que alguns produtores já alimentam animais com até 1.000 kg.
“Hoje, conseguimos alimentar o gado por mais tempo e com maior rentabilidade”, afirmou Lawrence.
Desafios logísticos e produtivos
Entretanto, esse avanço traz preocupações. O geneticista Bradley Wolter alerta para os impactos nas vacas matrizes e nos custos de produção. Já Temple Grandin, da Colorado State University, aponta os desafios logísticos da pecuária americana com esses animais maiores.
Ela destaca riscos de contusões durante o transporte e limitações nas instalações de manejo, projetadas para gado de tamanho menor.
Histórico de crescimento gradual
De acordo com Grandin, a pecuária americana tem aumentado o peso das carcaças ao longo de 60 anos. O crescimento anual médio é de 1,8 kg por carcaça.
Na década de 1960, uma carcaça de novilho pesava cerca de 300 kg. Hoje, o objetivo já passa de 680 kg. Essa mudança resultou de cruzamentos com raças europeias maiores, como a Charolês.
Austrália adota caminho oposto
Enquanto a pecuária americana busca carcaças maiores, a Austrália segue na direção contrária. Recentemente, frigoríficos australianos começaram a preferir carcaças de tamanho mais moderado, com foco em equilíbrio entre tamanho, fertilidade e eficiência alimentar.