Foram necessários 25 anos de negociações até que Mercosul e União Europeia firmassem um acordo que prevê a redução de tarifas de importação – podendo ser imediata ou gradual (em até 15 anos), a depender dos setores. Essa liberação deve atingir 91% dos bens que o Brasil importa da União Europeia e 95% dos bens que o bloco europeu importa do Brasil. “O principal impacto nos preços do consumidor será indireto, ao deixar a produção brasileira mais barata, devido à importação de máquinas e insumos a preços menores”, menciona o coordenador de estudos de Comércio Internacional do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernando Ribeiro.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, nos próximos 10 anos a União Europeia deve isentar em mais de 80% as importações agrícolas do Mercosul e dar acesso preferencial com menor tarifa a diversos produtos. A eliminação de tarifas é referente a frutas, peixes, suco de laranja, óleos vegetais entre outros produtos. Já as carnes bovina e suína terão um valor estabelecido por cotas, assim como o açúcar e o etanol. “O avanço do acordo tem um peso institucional muito grande. No longo prazo, essas oportunidades comerciais também vão gerar impactos positivos para a economia do Brasil, fomentando principalmente a produtividade da agroindústria”, ressalta Carvalho.
As perspectivas do agronegócio brasileiro se mostram otimistas para 2025. Dados revelados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) preveem colheita recorde de 322,2 milhões de toneladas de grãos, superando em 8,3% a safra 2023/24. A soja e o milho deverão liderar essa expansão, com aumento de produtividade. Marcos Jank, do Insper Agro Global, aponta que o setor deve enfrentar um “freio de arrumação”, mas mantém perspectivas de crescimento. A recuperação das margens e o fortalecimento da pecuária bovina indicam uma estabilização em 2025. Apesar das turbulências, o agro brasileiro continua a demonstrar competitividade e capacidade de adaptação no cenário global.
Fonte: O Presente Rural