A primeira edição da Cúpula Sul-Americana AgroGlobal, promovida pelo Instituto Pensar Agropecuária (IPA), aconteceu na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em Brasília, no dia 15. O evento reuniu lideranças do setor produtivo e parlamentares de países como Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. A cúpula abordou temas cruciais, como o combate ao protecionismo europeu e a promoção da agropecuária sustentável.
Fortalecendo a Cooperação entre os Países
O presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), enfatizou a relevância do encontro. “Estamos aqui para unir esforços visando o desenvolvimento do nosso continente. Queremos destacar o papel da América do Sul na produção agropecuária global, especialmente na segurança alimentar”, ressaltou Lupion.
Inovações para uma Agropecuária Sustentável
Um dos tópicos principais foi o desenvolvimento sustentável no agro. Durante o evento, foram apresentadas práticas inovadoras para enfrentar desafios ambientais. O plantio direto, uma técnica revolucionária, recebeu destaque especial.
Santiago Guazzelli, da Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto, mencionou o impacto positivo dessa técnica no combate às mudanças climáticas. “O plantio direto elimina a necessidade de arar o solo, mantendo sua cobertura vegetal. Essa técnica é uma revolução na agricultura sustentável”, explicou Guazzelli. Ele também destacou que essa abordagem melhorou a produtividade e reduziu a erosão em 25%.
Benefícios Econômicos e Ambientais
Os benefícios do plantio direto vão além. Segundo Guazzelli, essa técnica diminui em 60% o uso de combustíveis fósseis e reduz pela metade o impacto ambiental dos defensivos agrícolas. Isso contribui para a preservação da biodiversidade e economiza 50% na aplicação de fertilizantes sintéticos, que são grandes emissores de gases de efeito estufa.
Combate às Mudanças Climáticas
O plantio direto é uma ferramenta eficaz no enfrentamento das mudanças climáticas. Essa técnica duplica a capacidade do solo de capturar carbono, reduzindo em 40% as emissões de CO2 na agricultura. “Em tempos de intensas discussões sobre mudanças climáticas, o plantio direto aparece como uma solução integrada que combina tecnologia e sustentabilidade”, afirmou Guazzelli.
União Sul-Americana contra Barreiras Protecionistas
Outro ponto importante na Cúpula AgroGlobal foi a união dos países sul-americanos contra barreiras protecionistas da União Europeia. Pedro Lupion defendeu a formação de um bloco agropecuário coeso, destacando que “o Brasil e seus vizinhos precisam mostrar que sua produção é ambiental e socialmente responsável”. A colaboração entre os países é vista como fundamental para fortalecer a posição da América do Sul no cenário global, especialmente no contexto do Mercosul-União Europeia.
Sonia Tomassone, da Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (CAPECO), reforçou a necessidade de união. “A União Europeia quer nos impor regras. Precisamos defender nosso sistema produtivo e trabalhar juntos. É essencial mostrar ao mundo como somos sustentáveis. Ou nos unimos, ou teremos grandes problemas no futuro”, afirmou Sonia.
Desafios do Setor de Celulose
Gabriel Delgado, do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), falou sobre as novas legislações europeias que afetam o setor de celulose, no qual o Brasil é um grande exportador. “Temos que nos adaptar às leis dos países mais fortes. O setor enfrenta questões, como a regra do desmatamento. Nossa tradição de 30 anos nesse setor mostra que é possível crescer e manter a competitividade preservando o meio ambiente”, disse.
Delgado também comentou sobre as negociações difíceis com a União Europeia. “Em março, discutimos em Bruxelas sobre o adiamento da aplicação da lei de desmatamento. Se essa lei for aplicada sem alterações, a Europa pode enfrentar escassez de produtos essenciais, pois o Brasil é o maior exportador de celulose do mundo”, concluiu.
Nilson Leitão, presidente da IPA, reiterou que a união dos países sul-americanos é crucial. “Juntos, somos mais fortes para negociar com a União Europeia e superar as barreiras que dificultam nosso acesso ao mercado internacional”, finalizou.
