Os países do Brics vêm se consolidando como protagonistas na promoção da segurança alimentar, nutrição e agricultura sustentável no mundo. Atualmente, o grupo — composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã — responde por 42% da produção global de alimentos. Além disso, possuem 33% das terras agricultáveis e concentram 39% dos recursos hídricos do planeta.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, essa representatividade coloca o Brics em posição estratégica para enfrentar os desafios da agricultura no século 21. Com a inflação de alimentos persistente e a insegurança nutricional crescendo, os países do bloco intensificam a troca de soluções inovadoras.
Cooperação e inovação no combate à fome
Segundo a FAO, cerca de 733 milhões de pessoas enfrentaram a fome em 2023. Para reverter esse cenário, a colaboração entre os países do Brics tem sido fundamental. Compartilhar políticas bem-sucedidas é uma das estratégias adotadas.
A Índia, por exemplo, conseguiu se tornar autossuficiente na produção de alimentos após a implementação da Lei Nacional de Segurança Alimentar (NFSA). Com estoques estratégicos de grãos, o país enfrentou crises como a pandemia sem passar por grandes desabastecimentos.
Já na Etiópia, o governo lançou um programa nacional para ampliar a colheita de trigo. Com apoio de irrigação em áreas áridas, o país se tornou o maior exportador de trigo da África.
Para o embaixador etíope no Brasil, Leulgesed Abebe, o Brics é espaço tanto para contribuir quanto para aprender. Ele destacou o Brasil como referência no combate à pobreza e à insegurança alimentar.
Políticas públicas e resiliência climática
A crise climática também desafia a produção de alimentos. Segundo a FAO, perdas agrícolas e pecuárias causadas por desastres somaram 3,8 trilhões de dólares em 30 anos. Frente a isso, os países do Brics buscam soluções sustentáveis.
O Brasil, por exemplo, vem atuando por meio de políticas como o SISAN e o Bolsa Família. Em um ano, 60 mil pessoas por dia passaram a ter acesso a três refeições diárias.
A experiência brasileira também foi levada à Rede de Sistemas Públicos de Abastecimento da América Latina e Caribe, que promove ações conjuntas para enfrentar emergências alimentares, como a vivida no Rio Grande do Sul em 2024. Lá, a Conab garantiu doações emergenciais de cestas básicas para famílias afetadas.
Com uma cesta básica composta por itens essenciais como arroz, feijão, carne e café, o país reforça seu compromisso com a soberania alimentar e serve de inspiração para os demais membros do Brics.