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Carne bovina: rastreamento será obrigatório para exportar à China

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A China exigirá rastreabilidade total da carne bovina brasileira, do nascimento à exportação. Medida afetará produtores e exportadores de carne.
China exige rastreabilidade completa na carne bovina brasileira

A China, principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, indicou que exigirá rastreabilidade completa da carne desde o nascimento do animal nos próximos anos. Embora prevista em protocolos comerciais entre Brasil e China, essa exigência nunca foi rigorosamente aplicada até agora.

Durante visita técnica ao Brasil, realizada em dezembro passado, representantes chineses comunicaram que a rastreabilidade será uma exigência em breve. “O Ministério da Agricultura informou que a visita foi positiva, mas a China destacou que exigirá rastreabilidade total da carne”, disse Danielle Schneider, coordenadora de rastreabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em entrevista.

Adaptações e interesses do mercado chinês

A expectativa é de que a China estabeleça protocolos específicos nos próximos dois anos. Ao contrário da União Europeia, os chineses não exigem informações sobre desmatamento, focando unicamente na rastreabilidade. Schneider observa, no entanto, que essa exigência pode abrir caminho para futuras exigências ambientais.

Um estudo conduzido pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, aponta que os consumidores chineses aceitariam pagar até 22,5% a mais pela carne brasileira certificada como proveniente de áreas sem desmatamento. Segundo Peng Ren, gerente do Global Environmental Institute, discussões bilaterais para implementar soluções de rastreamento começam no próximo mês, com o objetivo de que os primeiros embarques 100% rastreados ocorram no ano que vem.

A China também habilitou recentemente 38 novas plantas frigoríficas no Brasil, sendo 24 delas voltadas à carne bovina. Esse é o maior número de habilitações concedido em uma única etapa na história das relações comerciais entre Brasil e China, de acordo com o Ministério da Agricultura.

Exigências para exportação e propostas de rastreamento no Brasil

Para exportar, pecuaristas devem cumprir normas sanitárias do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que atesta a conformidade do processo de produção. Atualmente, mais de 3.200 estabelecimentos são registrados no SIF e habilitados para exportação.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) propôs recentemente um sistema de rastreabilidade voluntário. A proposta foi encaminhada ao Ministério da Agricultura e prevê um prazo de adaptação de oito anos para os produtores. A CNA já conta com um sistema de identificação individual, o Sisbov, mas considera essencial aprimorar a rastreabilidade sanitária.

Ações do Mapa e implementação do sistema nacional

Em maio, o Ministério da Agricultura formou um Grupo de Trabalho de Rastreabilidade para desenvolver uma política nacional de rastreamento. O grupo inclui representantes das principais entidades do setor e visa estabelecer diretrizes para o sistema nacional. Rafael Ribeiro, assessor da CNA, informou que discussões incluem desde a numeração a ser adotada até o cronograma de implementação.

Apesar de a CNA ter sugerido adesão voluntária ao sistema, o Ministério sinalizou que o modelo será obrigatório, com um prazo de transição de oito anos. A rastreabilidade, tema antigo e complexo, ainda enfrenta desafios quanto ao momento de rastreamento e à adesão de produtores.

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