
A eleição de Donald Trump para um novo mandato presidencial nos Estados Unidos trouxe à tona uma série de reflexos no cenário global, com impactos diretos no agronegócio brasileiro. Com sua política protecionista e foco em acordos bilaterais, Trump promete uma abordagem que pode tanto abrir novas oportunidades quanto gerar desafios significativos para o Brasil.
Guerra Comercial: Oportunidade para o Agro Brasileiro
Durante seu primeiro mandato, Trump iniciou uma guerra comercial com a China, impondo tarifas sobre produtos chineses. Como retaliação, a China direcionou suas importações agrícolas para outros mercados, consolidando o Brasil como seu principal fornecedor de soja e milho. Com a possibilidade de um novo conflito comercial, espera-se que o Brasil continue a ser um beneficiário indireto, aumentando sua participação no mercado chinês.
No entanto, como alertam especialistas, o espaço de crescimento nas exportações para a China pode ser limitado, uma vez que já exportamos cerca de 37% de nossa produção para o país asiático. Além disso, outros mercados podem ser afetados, pois os EUA buscarão compensar suas perdas comerciais em novas regiões.
Políticas Protecionistas e o Friendshoring
Trump sinaliza o aprofundamento do “friendshoring”, priorizando acordos bilaterais baseados em alinhamentos políticos e ideológicos. Essa postura pode intensificar a competição internacional e tornar o comércio mais desafiador. Países que não forem considerados “aliados” poderão enfrentar barreiras tarifárias, o que pode beneficiar o Brasil indiretamente no comércio com países como a China.
Além disso, Trump promete um pacote robusto de suporte ao agricultor americano, o que pode gerar maior oferta agrícola nos EUA e pressionar os preços globais. Essa política pode afetar diretamente a competitividade dos produtos brasileiros.
Impactos Econômicos e Geopolíticos
A vitória de Trump pode também elevar a inflação nos EUA, forçando o Federal Reserve a aumentar as taxas de juros. Essa elevação impactaria o Brasil, gerando um ambiente econômico menos favorável, com juros mais altos e dificuldades de crédito. No âmbito geopolítico, o distanciamento político entre os governos dos EUA e do Brasil, como apontado por especialistas, pode prejudicar negociações bilaterais em áreas estratégicas.
Sustentabilidade e a Agenda Climática
Trump já manifestou sua oposição a políticas sustentáveis, como o Green New Deal. Essa postura contrasta com a tendência global de maior responsabilidade ambiental e pode enfraquecer iniciativas importantes, como os biocombustíveis, nos quais o Brasil tem grande potencial. Com a agenda climática perdendo força nos EUA, o Brasil pode enfrentar desafios para promover suas soluções ambientais no mercado internacional.
Cenário de Incertezas
Com uma postura mais agressiva e protecionista, o novo governo Trump traz um cenário de incertezas para o comércio global. Especialistas destacam que uma “espiral protecionista” pode surgir, prejudicando mercados emergentes como o Brasil. Ainda assim, a dependência da China por commodities brasileiras, como soja e carne, deve continuar a sustentar o agronegócio nacional, mesmo em meio às turbulências.
Conclusão
A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos apresenta um misto de oportunidades e desafios para o agronegócio brasileiro. Enquanto a guerra comercial entre EUA e China pode abrir novas portas, o cenário protecionista global, a instabilidade econômica e a redução de apoio à agenda climática podem exigir cautela e estratégia do Brasil para manter sua competitividade no mercado internacional.