No Paraná, a inteligência artificial (IA) está sendo aplicada no monitoramento da ferrugem da soja, uma das doenças mais destrutivas da cultura. O projeto, coordenado pelo professor Marcelo Giovanetti Canteri, diretor do Centro de Inteligência Artificial no Agro (Ciagro) e professor de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), busca combater a ferrugem asiática da soja com ajuda de IA, dentro do programa Alerta Ferrugem.
A ferrugem da soja é uma ameaça causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que ataca as folhas da planta e exige controle rigoroso para evitar perdas significativas. O Paraná já se destaca pela cooperação entre várias instituições, como UEL, IDR-PR, Adapar, UTFPR e Embrapa, que atuam para monitorar a doença em uma área extensa, de Assis (SP) até Guarapuava (PR), com mais de 200 coletores espalhados.
Como o monitoramento funciona
Os coletores, instalados nas plantações de soja, capturam esporos do fungo com a ajuda do vento. Antes, o monitoramento exigia análise presencial e microscópica. Agora, com a IA, os esporos podem ser identificados automaticamente, acelerando o processo e permitindo controle mais ágil da ferrugem.
O coordenador do IDR-Paraná, Edivan Possamai, destacou o pioneirismo do Paraná na rede de coletores, que tem reduzido em até 35% o uso de fungicidas, economizando custos e diminuindo o impacto ambiental.
IA para decisões mais precisas
A inteligência artificial permite observar três fatores importantes: planta, clima e fungo, agilizando a tomada de decisões para o combate à ferrugem. Em 2023/2024, o projeto testou monitoramento climático e do fungo, com expectativa de incluir a fase de plantio em 2024/2025, resultando em previsões e ações de controle mais eficazes e sustentáveis.
Benefícios do clima monitorado em tempo real
Antes, os dados climáticos necessários para o controle da ferrugem demoravam semanas para serem processados. Agora, a IA entrega as informações em até dois dias, fortalecendo o Consórcio Antiferrugem da Embrapa, que fornece alertas sobre a disseminação da ferrugem no Brasil.
Cada região, como Pato Branco e Guarapuava, tem condições climáticas únicas que impactam o desenvolvimento do fungo. Plantios tardios, comuns nessas áreas, expõem as plantas a um risco maior de infecção, demandando maior controle.
Extensão do projeto ao campo
Embora o projeto seja focado em pesquisa, ele envolve os produtores locais e é amplamente divulgado em eventos científicos e redes sociais. Já foram realizados dois workshops sobre IA na agricultura e o terceiro está previsto para novembro.