Grupos ligados ao setor agrícola dos Estados Unidos pedem ao presidente eleito Donald Trump que poupe seus trabalhadores das promessas de deportações em massa. Segundo especialistas, a cadeia de alimentos depende fortemente de imigrantes em situação irregular, e deportações poderiam impactar gravemente o setor.
Quase metade dos 2 milhões de trabalhadores rurais nos EUA não possui documentação legal. Muitos deles atuam em fazendas, laticínios e frigoríficos. Durante sua campanha, Trump prometeu deportar milhões de imigrantes ilegais, mas ainda não esclareceu se o setor agrícola seria isento.
Medidas e preocupações
Tom Homan, novo “czar da fronteira” de Trump, afirmou que a fiscalização se concentrará em criminosos e pessoas com ordens definitivas de deportação. Contudo, ele não descartou ações contra trabalhadores do setor agrícola.
Especialistas alertam que a remoção em massa de trabalhadores pode causar um choque na cadeia de suprimentos e elevar os preços dos alimentos. David Ortega, professor de economia alimentar, afirmou que esses trabalhadores exercem funções que americanos não estão dispostos a desempenhar.
Caminhos alternativos para o setor
Programas como o visto H-2A permitem contratar trabalhadores sazonais. Em 2023, foram emitidos 378 mil vistos desse tipo, mas isso representa apenas 20% da mão de obra necessária. Muitos agricultores apontam dificuldades em arcar com os custos e as exigências do programa.
Grupos do setor defendem uma reforma imigratória que expanda os caminhos legais para trabalhadores rurais. Segundo John Walt Boatright, da American Farm Bureau Federation, uma mão de obra confiável é essencial para manter a segurança alimentar.
Temeridade e organização
O medo de deportações cria estresse entre os trabalhadores rurais. Sindicatos e organizações treinam equipes para conhecerem seus direitos em caso de ações migratórias. Marc Perrone, da United Food and Commercial Workers, pediu que eventuais batidas em frigoríficos sejam conduzidas com precaução para evitar injustiças.
Apesar do cenário de incerteza, grupos como a Familias Unidas por la Justicia observam maior organização entre os trabalhadores. “O medo é real, mas a união nos fortalece”, afirmou Edgar Franks, líder sindical.