Agricultores poloneses encerraram, no domingo (24), os bloqueios na fronteira de Medyka, no Sudeste da Polônia. A paralisação foi suspensa após o governo prometer rejeitar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que enfrenta forte oposição de produtores agrícolas em diversos países europeus.
O ministro da Agricultura da Polônia, Czeslaw Siekierski, esteve pessoalmente no local das manifestações para negociar. Após as conversas, publicou detalhes do compromisso em sua conta oficial no X (antigo Twitter), destacando que o governo formalizará sua oposição ao acordo.
União Europeia e Mercosul: acordo controverso
O tratado Mercosul-UE, negociado há mais de 20 anos e politicamente acordado em 2019, busca criar um dos maiores blocos comerciais globais. No entanto, agricultores poloneses e franceses temem os impactos negativos da entrada de produtos agrícolas mais baratos e menos regulados, como carnes bovina e de aves, nos mercados europeus.
“Reafirmamos nossa determinação em proteger a produção agrícola polonesa”, disse Siekierski, lembrando que os diálogos com agricultores começaram há mais de um ano. Entre as demandas apresentadas pelos manifestantes estão a exclusão definitiva do acordo Mercosul-UE e a redistribuição de recursos financeiros para apoiar o setor diante de desafios climáticos.
Próximos passos do governo polonês
Durante as negociações, foi estabelecido um cronograma para atender as reivindicações dos agricultores poloneses. Até 26 de novembro, será apresentada uma lista final de demandas, e o Ministério da Agricultura deve divulgar, até 10 de dezembro, um plano de ação detalhado. Este incluirá análises técnicas e a formação de grupos de trabalho para tratar de questões estruturais do setor agrícola.
A resistência ao acordo Mercosul-UE não é exclusividade da Polônia. Na França, por exemplo, o ministro da Agricultura, Annie Genevard, reafirmou que práticas agrícolas adotadas nos países do Mercosul, como o uso de pesticidas proibidos na União Europeia, violam princípios de sustentabilidade e prejudicam a competitividade dos produtores locais.
