A Projeção do PIB do Brasil foi revista pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), subindo de 2,4% para 3,4% em 2024. Essa mudança, anunciada no Informe Conjuntural do 3º Trimestre, reflete um aumento de 1 ponto percentual na estimativa anterior.
Fatores que Impulsionam o Crescimento
Mário Sérgio Telles, superintendente de Economia da CNI, explica que a previsão otimista se deve ao desempenho positivo da economia no primeiro semestre. Além disso, os fatores que têm contribuído para esse crescimento devem se manter até o final do ano. O segundo semestre será comparado a um período de atividade econômica mais fraco em 2023.
O aumento do consumo das famílias é um dos fatores que sustentam essa previsão. Este crescimento é fruto de um mercado de trabalho aquecido, que eleva a massa salarial e amplia a oferta de crédito. Contudo, a CNI acredita que, embora haja uma diminuição na intensidade desse crescimento, esses fatores continuarão a impulsionar a atividade até a segunda metade de 2024. Basta ver se esse aumento é sustentável.
Emprego e Rendimento dos Trabalhadores
A taxa de desemprego, segundo dados do IBGE, está em 6,9% e deve permanecer nesse patamar até o final do ano. Em contrapartida, a massa de rendimentos tende a crescer 7,4%. Isso indica uma melhora nas condições de vida da população.
Expectativas para o Setor Industrial
A CNI também revisou a projeção para o PIB da indústria, aumentando a expectativa de alta de 2,3% para 3,2%. De acordo com o Informe, a indústria de transformação deve crescer 2,8% em 2024, recuperando-se de uma queda de 1,3% no ano anterior. Isso se deve, principalmente, à maior demanda por bens industriais.
A indústria da construção, por sua vez, deve crescer 3,7%, superando a média do PIB, devido à maior demanda e aos lançamentos do Programa Minha Casa, Minha Vida.
Desempenho da Agropecuária
No que diz respeito ao PIB da agropecuária, a CNI projeta uma queda de 3% em 2024 em comparação ao ano anterior. Apesar do aumento na produção animal, essa alta não compensa a diminuição da produção vegetal, que foi impactada pelas adversidades climáticas associadas ao fenômeno El Niño. Mesmo com toda dificuldade climática enfrentada, o Agro ainda é, de longe, a principal engrenagem da economia brasileira.
Impacto da Selic no Crédito
As projeções da CNI sugerem que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá aumentar a taxa básica de juros em mais dois ajustes de 0,25 ponto percentual. A Selic, atualmente em 10,75% ao ano, deve encerrar o ano em 11,25%.
Mário Telles alerta que os efeitos da alta da Selic serão mais perceptíveis a partir de 2025. “O crédito é essencial para o crescimento este ano. Apesar do início de um novo ciclo de aumento da Selic, seu impacto não deverá ser sentido plenamente em 2024. Contudo, isso deve afetar negativamente o crédito, o consumo e o crescimento econômico em 2025”, explica.
Perspectivas Fiscais
Para a CNI, a expectativa é que os gastos públicos se expandam no segundo trimestre, mas a um ritmo mais moderado em relação à primeira metade do ano. Isso pode contribuir menos para o crescimento da demanda, favorecendo, porém, perspectivas mais positivas para o ajuste das contas públicas. A entidade projeta um déficit primário de R$ 51,1 bilhões, equivalente a 0,44% do PIB.