Os cortes de carne bovina magra congelada da Austrália exportados para os Estados Unidos, direcionados sobretudo para produção de hambúrgueres, atingiram níveis recordes nesta semana, se aproximando de A$ 10/kg, na moeda australiana, informou nesta quarta-feira (11/12) o portal www.beefcentral.com.
Na segunda-feira (9/12), o valor da carne magra australiana, em moeda local, subiu para um patamar histórico de A$ 999,75c/kg, superando a alta anterior definida no início de agosto/24 (A$ 987,9c), detalha o site.
Atualmente, a disputa entre exportadores da Austrália e do Brasil pelo gigantesco mercado de carne bovina dos EUA segue extremamente acirrada. Os norte-americanos importam especialmente cortes de carne magra, que são direcionados sobretudo para a produção de hambúrgueres.
Segundo dados relatados pelo Beef Central, as importações norte-americanas de carne bovina brasileira nesta parcial de 2024 atingiram em torno de 200.000 toneladas — o dobro do volume de igual período do ano passado e quatro vezes o nível visto em 2022.
Por sua vez, as exportações da Austrália para o mercado dos EUA neste ano também aumentaram significativamente, chegando em 353.000 toneladas de carne bovina até o final de novembro, um aumento de 68% em relação ao volume de igual intervalor do ano passado.
Segundo a reportagem, há muitos fatores que explicam o último aumento no preço da carne magra australiana, mas o motivo fundamental foi o grande declínio observado no abate de animais não-alimentados (fora dos confinamentos) nos EUA, como resultado do impacto da seca e do declínio do rebanho.
Neste ano, o abate de gado gordo (ou seja, novilhos e novilhas terminados em confinamento) nos EUA permaneceu surpreendentemente alto, apesar do rebanho bovino nacional ter caído para níveis mínimos de 50 anos devido à liquidação pela seca, observa o portal.
No entanto, diz a reportagem, o abate de vacas e touros (produtos mais alinhados com a produção de carne direcionada à linha de produção de hambúrgueres) caiu 17% em relação ao ano passado e 24% em comparação a dois anos atrás.
De acordo com o texto da Beef Central, as margens dos frigoríficos dos EUA continuaram a se deteriorar devido aos altos preços do gado. A decisão recente da Tyson Foods de fechar uma planta de processamento de carne refletiu preocupações mais amplas sobre o aperto do fornecimento de gado dos EUA, diz a reportagem, que entrevistou o analista de mercado Len Steiner.
Segundo Steiner, mais reduções na capacidade de processamento de gado dos EUA podem ser inevitáveis à medida que os frigoríficos se ajustam às tendências de fornecimento projetadas para os próximos três anos.
Na avaliação de Steiner, haverá uma quantidade enorme de carne bovina do Brasil entrando no mercado norte-americano a partir do início de janeiro/25, mas é possível que esse grande volume deva secar até março/25, quando se esgotará os embarques fora da cota de importação e a proteína brasileira passará a receber a habitual tarifa de 26% durante o resto dos meses do ano.
Questionado sobre o que esperar do próximo ano, uma fonte do comércio de exportação entrevistada pela Beef Central disse que acredita que, em abril ou maio, os cortes frescos dos EUA subirão ainda mais de preço, já que a produção local de carne bovina continua diminuindo.
“Espero que o pico do mercado de cortes bovinos nos EUA seja maior em 2025 do que foi em 2024; e o pico em 2026 será maior novamente do que em 2025”, disse ele.
Fonte: PortalDBO