As exportações de milho do Brasil, que alcançaram recordes no ano passado, enfrentam dificuldades em 2024. O aumento da oferta em países concorrentes e a diminuição do interesse da China devem elevar as reservas do cereal, pressionando ainda mais os preços internos.
Em 2023, o Brasil exportou 56 milhões de toneladas de milho, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). No entanto, a previsão para 2024 é de que esse volume caia para 41 milhões de toneladas. A consultoria Royal Rural projeta um cenário ainda mais negativo, com exportações de apenas 39 milhões de toneladas.
A Concorrência Internacional
A Argentina, por exemplo, voltou a exportar, com 24,5 milhões de toneladas negociadas de janeiro a agosto deste ano. O analista Ronaldo Fernandez destaca que, no passado, o Brasil não teve concorrência da Argentina, que sofreu com secas. Agora, grandes produtores como os Estados Unidos e a Europa também ampliaram sua oferta, tornando o mercado mais competitivo.
A China, que foi o principal importador brasileiro no ano passado, importou apenas 2 milhões de toneladas até agora. Isso ocorre em meio aos esforços do país para aumentar a autossuficiência na produção de milho, visando controlar os preços da carne.
Projeções de Estoque e Preços
Fernandez prevê que o estoque de milho no Brasil pode chegar a 10 milhões de toneladas, o maior volume desde 2018. Um excedente dessa magnitude causaria pressão sobre os preços internos e revelaria problemas de infraestrutura no armazenamento.
Os Estados Unidos, com a maior safra da história, devem dominar o mercado global, com exportações projetadas de 58,23 milhões de toneladas. Neste cenário, o Brasil pode ficar sem espaço nas exportações, já que o milho americano se torna a opção mais barata para os compradores.
