A Minerva concluiu hoje (28) a compra de 16 plantas da Marfrig por R$ 7,5 bilhões, firmando-se como a segunda maior processadora de carne bovina do país. A aquisição, anunciada inicialmente em agosto de 2023, aguardava aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), concedida ao final de setembro após o período de recurso.
Com o valor de R$ 7,5 bilhões, a Minerva efetuou um pagamento inicial de R$ 1,5 bilhão, e os R$ 6 bilhões restantes serão quitados conforme autorizações regulatórias. Agora, a empresa fica atrás apenas da JBS em capacidade de abate no Brasil, consolidando-se também como a principal exportadora de carne bovina da América do Sul. Das 16 plantas adquiridas, 11 estão no Brasil, 3 no Uruguai, 1 na Argentina e 1 unidade de ovinos no Chile, aumentando sua capacidade de abate diário em 43%, com potencial para 12,9 mil cabeças de gado e 6,5 mil de ovinos.
Analistas da XP Investimentos apontam que as ações da Minerva podem sofrer queda inicial devido ao aumento da alavancagem, já que o financiamento é bancário.
Marfrig redireciona foco estratégico
A Marfrig, por sua vez, adota um perfil de negócios mais próximo ao da BRF, recentemente adquirida. Ao vender suas plantas de carne commodity, a empresa passa a concentrar-se em produtos de maior valor agregado, incluindo hambúrgueres e processados. Essa decisão reforça a estratégia de maior rentabilidade e alinhamento com a BRF, além de proporcionar maior liquidez e reduzir a alavancagem, o que tende a valorizar suas ações.
A XP destaca que a Marfrig se fortalece ao buscar margens maiores com produtos diferenciados, apoiada pelo valor da venda, que ocorre em momento crucial de ajuste financeiro.
Divergências de estimativas
A Marfrig estimou uma receita líquida de R$ 11,8 bilhões e um EBITDA de R$ 738,4 milhões (margem de 10%) para as plantas vendidas, enquanto a Minerva projeta um EBITDA potencial de R$ 1,5 bilhão, contando com sinergias de despesas em até 18 meses.