O Ministério da Agricultura analisa estratégias para garantir mais recursos ao Plano Safra 2025/26. A medida busca enfrentar o cenário fiscal apertado e a alta nos juros.
A possibilidade de aumento nas taxas do crédito rural está sendo considerada. Isso evitaria a redução no volume de financiamento ao setor agropecuário, cuja nova temporada começa em julho.
Segundo o assessor Carlos Augustin, se a Selic continua subindo, a alternativa será elevar os juros praticados, já que cortar os recursos do Plano Safra não está nos planos do governo.
Alternativas para garantir os recursos
Uma das propostas em análise é flexibilizar as regras das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). A ideia é atrair mais recursos para sustentar os financiamentos.
Também há discussões sobre rever o prazo de resgate das LCAs, que hoje é de nove meses. O Banco Central sugeriu uma redução para seis meses.
Outra solução considerada é o uso do Fundo Social do pré-sal. Esse recurso seria voltado principalmente para atender produtores prejudicados pela seca no Rio Grande do Sul.
Além disso, o governo pode contabilizar no Plano Safra os recursos externos captados para projetos como a recuperação de pastagens.
A inclusão das Cédulas de Produto Rural (CPRs), garantidas por recursos obrigatórios dos bancos, também está sendo avaliada.
Crédito em dólar e fundos regionais como alternativa
Augustin propõe ainda aumentar o uso de crédito em dólar, oferecido pelo BNDES. Essa modalidade pode ser vantajosa, principalmente para produtores do Centro-Oeste.
Segundo ele, como os custos e receitas do agro estão em dólar, os riscos cambiais são menores. Assim, o financiamento agrícola se torna mais seguro e atrativo.
Há também a sugestão de reforçar o uso dos fundos constitucionais do Centro-Oeste, Norte e Nordeste para o custeio da produção, atualmente limitado.
Custos altos preocupam o setor produtivo
A Aprosoja Brasil demonstrou preocupação com os custos do crédito rural para a próxima safra. A previsão é de que sejam os mais altos em uma década.
Segundo a entidade, o orçamento para equalização de juros é o mesmo do ano passado, mas a taxa Selic aumentou. Com isso, o setor teme perder capacidade de financiamento.
A Aprosoja sugeriu ao governo o envio de um projeto ao Congresso para suplementar os recursos. A ideia é aumentar o orçamento em áreas como custeio, seguro rural e subvenção de investimentos.
A entidade alerta que, sem reforço, o crédito subsidiado pode cair de 30% para 20% da demanda total. Isso traria impactos diretos na produção e, possivelmente, nos preços ao consumidor.