Após uma safra desafiadora, a produção de milho no Brasil deve apresentar crescimento em 2024/25. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita pode atingir 119,6 milhões de toneladas, superando em 3,3% o volume da temporada anterior, que foi de 115,72 milhões de toneladas.
Desempenho das safras
Apesar do aumento na produção total, a primeira safra de milho deve enfrentar redução de 6,4% na área plantada. No entanto, a produtividade média pode crescer 4,8%, chegando a 6.062 quilos por hectare. A colheita está estimada em 22,53 milhões de toneladas.
A segunda safra já tem mais de 70% da área semeada, beneficiada por condições climáticas favoráveis. Já o plantio da terceira safra ocorrerá entre abril e junho, principalmente na Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Roraima. O desempenho das lavouras será crucial para confirmar as projeções de crescimento.
Desafios enfrentados na safra anterior
A safra 2023/24 teve desafios como altos custos de produção e impactos climáticos adversos, resultando em queda de 12,3% na produção. A estiagem prejudicou o Centro-Oeste, enquanto o excesso de chuvas afetou o Sul. Além disso, gargalos logísticos comprometeram o escoamento do milho, que compete com a soja no transporte e enfrenta déficit de armazenagem nas fazendas.
Oscilações no preço do milho
Em 2024, o preço do milho variou ao longo do ano, influenciado por clima, oferta e demanda. Apesar de uma queda inicial de quase 20%, houve recuperação no segundo semestre, fechando o ano com alta de aproximadamente 5%. Em dezembro, a saca de 60 kg foi cotada a R$ 72,70, com mínima de R$ 55,80 e máxima de R$ 74,70.
O presidente da Abramilho, Paulo Bertolini, destaca que, mesmo com a recuperação nos preços, os custos elevados impactaram a rentabilidade dos produtores. A expectativa para 2025 é de melhora na renda agrícola e crescimento da industrialização do milho.
Crescimento do consumo interno e exportações
O consumo interno de milho segue impulsionado pela produção de ração animal e etanol. Atualmente, 70% da produção abastece o mercado interno, enquanto 30% é exportado. Em 2024, as exportações somaram 39 milhões de toneladas.
Já as exportações caíram 28,8% em relação a 2023, devido à menor oferta do grão e à redução da demanda asiática, especialmente da Coreia do Sul, China e Japão. Em contrapartida, o Egito se tornou o principal destino do milho brasileiro, dobrando suas importações.
Produção global e perspectivas para o Brasil
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima uma produção global de milho de 1.214 bilhão de toneladas em 2024/25. No Brasil, a produção pode chegar a 127 milhões de toneladas, um crescimento de 4,1%.
Com o avanço da indústria de etanol de milho, o governo busca ampliar o mercado para o DDG, subproduto da produção de biocombustíveis. O Brasil pode dobrar o número de biorrefinarias até 2025, fortalecendo a indústria e agregando valor à cadeia produtiva.
Bertolini enfatiza que, para consolidar o Brasil como potência no setor, são necessários avanços em infraestrutura, armazenagem e logística, garantindo melhor escoamento da safra e impulsionando o processamento interno do milho.