As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos acenderam um alerta no agronegócio brasileiro. A medida pode afetar fortemente produtos exportados ao mercado americano.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a ordem executiva assinada por Donald Trump estabelece uma tarifa adicional de 10% sobre as importações brasileiras. As tarifas são parte de um pacote mais amplo, que também atinge outros países exportadores.
Mercado americano é estratégico para o agro
Os EUA são o terceiro maior comprador dos produtos agropecuários do Brasil, ficando atrás apenas de China e União Europeia. Em 2024, esse mercado respondeu por 7,4% das exportações do setor, somando US$ 12,1 bilhões.
Itens como café verde e suco de laranja estão entre os mais afetados. Os EUA importam 17% do café e 31% dos sucos exportados pelo Brasil. Portanto, as novas tarifas podem comprometer a competitividade brasileira.
Setores com alta dependência dos EUA devem sentir mais
De acordo com a análise da CNA, alguns produtos têm alta dependência do mercado americano. Isso dificulta a realocação para outros destinos em curto prazo.
Entre os itens mais vulneráveis estão o suco de laranja congelado, carne bovina processada e o etanol. A elevação de custos pode reduzir a demanda desses produtos pelos norte-americanos.
Brasil pode se beneficiar frente a outros países
Apesar do impacto negativo, o Brasil ainda terá uma vantagem competitiva frente a países que sofrerão tarifas mais altas, como China e União Europeia. Produtos chineses, por exemplo, terão sobretaxas de até 54%.
Mesmo assim, o aumento das tarifas de 3,9% para 13,9% pode provocar perda de espaço no mercado americano. Especialistas alertam que, mesmo com essa vantagem relativa, o setor pode sentir os efeitos do encarecimento dos produtos.
Reação e expectativas futuras
A CNA reforça a importância do diálogo diplomático. O Brasil deve insistir em acordos bilaterais e manter canais abertos com os EUA. O uso de instrumentos de retaliação, como o PL da Reciprocidade, será considerado apenas como última opção.
A entidade defende a diversificação de mercados e a abertura comercial como caminhos para reduzir riscos e ampliar oportunidades ao produtor rural.